“Senhor, será que também atingirei a bem-aventurança e a Vida Eterna? Sou grande pecadora.” – Assim, Maria de Magdalon se dirige a Ele e a alguns romanos ansiosos para encontrarem Aquele de Quem tanto se fala em Roma. Reunidos numa hospedaria, Maria se excede no vinho; acometida de fortes convulsões, é lançada ao solo! Assustados, os romanos indagam a Lázaro, ali presente, o que fazer. “Ficai calmos, eu a conheço, de há muito sofre de tais acessos.” – “Não estaremos sendo vítimas da ira dos deuses, buscando Jesus? Não seria Ele um prestidigitador?” – “Como os vossos deuses poderiam irar-se se existem apenas na fantasia dos homens?” Mais compadecido, um romano vem à nossa mesa e se dirige exatamente a Mim, indagando se não existe alguém que possa socorrê-la! “Meu caro, encaminhas para Mim, sem saber Quem Eu Sou. No coração, alimentas a Esperança de que alguém aqui possa socorrê-la, por isto o teu próprio espírito indicou-te a Pessoa Certa! Posso socorrer esta moça, não só física, mas também espiritualmente.” Jesus Se dirige para junto de Maria em estertores e ordena àqueles sete espíritos impuros que se afastem.

Por que Ele Se refere a sete espíritos? Se possuímos os sete Espíritos Originais que perfazem o Ser Básico de Deus: Amor, Sabedoria, Vontade, Ordem, Rigor, Paciência e Humildade, possuímos também os sete espíritos infernais, que levaram Maria a uma vida contrária à Ordem Divina. 

Sentindo-se sadia e feliz, Maria se levanta e, vendo-Me ao seu lado, diz: “És Aquele por Quem o meu coração clamava! Por que, Senhor, me curaste? Por que não me deixaste morrer? Não poderás amar-me porque És Puro, e eu, impura.” Ela se atira a Seus Pés, umedecendo-Os com lágrimas de amor e arrependimento. Os Discípulos julgam sua atitude inoportuna, mas Ele os repreende: “Que vos importa? Acaso não Sou o Senhor de Mim Mesmo e dela? Muito pecou, mas, pelo Bem aplicado aos pobres, muito lhe será perdoado. Onde Esse Meu Evangelho for anunciado, deverá se fazer menção dela – Vai, filha, e não peques mais.” Como era noite, ela pede para ali permanecer. “Quando te disse: ‘vai em paz’, não Me referia ao teu físico, e sim à tua alma com tantas tendências materiais; mostrei-te que diante de ti abria-se um novo caminho de bem-aventurança e Vida Eterna.” O romano, admirado com o ocorrido, dirige-se novamente a Jesus, indagando não ser Ele o Verdadeiro Homem-Deus? “Não O sendo, deves conhecê-Lo e tudo darei para D’Ele me aproximar!” – “Sim, Eu O Sou! Qual o teu desejo?” – “Senhor, desejo a Tua Doutrina e compartilhar o Teu Reino.” – O romano convida a todos para brindarem o Salvador de Nazareth, prometendo que, em Sua Honra, todos os pobres daquela zona seriam providos às suas expensas. Todos se alegram, exceto Maria Madalena, que se retrai, receosa de novas perturbações. “Minha cara, nós romanos consideramos o provérbio: ‘Nada prejudica na presença do médico’, e aqui está o Maior de todos, portanto podes nos acompanhar, saudando Aquele que hoje tive a ventura de conhecer. – Para Honrá-Lo, beberia todo o vinho da Palestina, morrendo em seguida em Sua Graça.” – Maria beija a Orla de Sua Veste, e os discípulos, novamente enciumados, a recriminam. “Mas o que tendes a ver com esta moça? De pecadora, torna-se justa e penitente.” E como o Mestre ministrava Seus Ensinamentos na hora certa, Ele nos dá a mais bela de todas as Parábolas, a Parábola do Bom Pastor: “Vede, havia um homem, dono de 100 ovelhas. Acontece que uma se perde no matagal; à noite, sente a sua falta. Imediatamente, deixa as 99 e corre à sua procura. Quando a encontra, toma-a em Seus Braços e, ao vê-la junto às demais, grande é a Sua alegria. Há mais alegria no Céu quando um pecador se regenera do que 99 justos que nunca necessitaram de penitência e, pelo estrito cumprimento da Lei, se julgam superiores dizendo: ‘Senhor! Senhor! Graças vos dou por não ser como os demais’ – Meu Semblante Se inclina especialmente àqueles que muito pecaram, estendo-lhes Minha Mão Paternal para que também consigam apossar-se da Salvação!”

“Não Me toques” – Qual o seu verdadeiro sentido? Todos os que crêem na Sua Ressurreição sabem que Se deu conforme relata João, Capítulo 20, 1-18. Maria, juntamente com seis moças, se dirige pela manhã ao túmulo para orar e, mais uma vez, untar o Seu Corpo para livrá-Lo da decomposição. – “O túmulo está vazio!” Correm para avisar os irmãos; Maria ali permanece. “Sim”, diz ela, “Ele vive; eu O vi; corri para abraçá-Lo, mas Ele me disse: ‘Não Me toques’.” Por quê? Ele Mesmo é Quem nos esclarece o que até então constituía um segredo: “O seu amor, ainda impuro para Comigo, a destruiria, como uma gota d’água em ferro incandescente!” Por quê? O Seu Ser, já Transfigurado, Se constituía de Potência Puramente Espiritual! Não era mais Mestre e nem Senhor, e sim, Deus e Pai Eterno, como diz Isaías. Só poderia ser tocado por um Amor Celeste, e esse Amor só O encontramos transportando-nos à Esfera Espiritual do Senhor Jesus, penetrando a Sua Natureza Intrínseca, reencontrando o Pai Bondoso e Acolhedor. Nesse Amor, o Amor Filial, não há dolo. Não consta que os verdadeiros adoradores de Deus deverão adorá-Lo em Espírito e Verdade? O reconhecimento da Divindade de Jesus é condição básica para nos achegarmos à Intimidade com Deus!

Que ninguém se perturbe com a casta intelectual; Seu Espírito só Se revela na simplicidade do coração. Quanto já se duvidou das Escrituras, dos Evangelistas, dos Atos dos Apóstolos, das cartas de Paulo, Pedro, João, Tiago e Judas (irmão de Tiago). “Quantas vezes Eu – o Doador da Vida e de tudo que Dela provém – fui declarado como simples homem, magnetizador e até, louco? Isto não perturba os Meus Filhos, que não são apenas ouvintes, mas Obreiros da Minha Seara. Esses, não se confundem, reconhecem o Som da Minha Voz e sabem que Jesus de Nazareth é algo mais do que o mundo O considera!”

Amém, Amém!

 

Fraternalmente,

Thalízia dos Reis