Esta frase pronunciada pelo Próprio Espírito Creador, Guia, Consolador e Doutrinador pode levantar o seguinte questionamento: “Senhor, e os Teus Discípulos? Por que foram tão cruelmente martirizados se a Tua Paz lhes fora prometida?” “Deixo-vos a Minha Paz.” As respostas humanas, por mais sábias, não esclarecerão aparentes contradições. Somente Ele Mesmo poderá fazê-lo.

Façamos uma revisão na história e veremos que todos os mártires, a começar pelos profetas, até épocas anteriores, ninguém foi por Ele coagido a se sacrificar. Se a Abraão foi pedido o martírio do filho, Deus Mesmo o sustou. Quem deveria ser sacrificado não era o filho da Graça, Isaac, mas o mundo, representado por aquele animal mal cheiroso e dá marradas certas.

Em decorrência do Seu Martírio, os demais quiseram segui-Lo! Muito embora pudessem prosseguir na divulgação do Seu Evangelho, mas no afã de se unirem ao Seu Mestre, não se sentiam com ânimo para prosseguirem na carne; e como “Eu lhes havia prometido dar-lhes tudo quanto Me pedissem, “seja o que for”, pediram-Me o martírio.”

Existe algo digno de nota: apenas João não foi martirizado; e por que? Preferiu sorver o cálice até a última gota, sabedor que era da Minha Ordem, estando satisfeito com a mesma. E o que lhe dava tal visão, a mais profunda? O seu Amor para Comigo, diz Jesus.

Quanto aos demais, o sentimento que os animava era a Fé! Fica aí especificada a diferença entre Fé e Amor. A Fé muita coisa consegue, o Amor tudo alcança; e se a Pedro Ele classificou de Rocha de Fé, a João, de diamante puro do Amor, daí o seu entendimento mais profundo com relação às coisas do Seu Reino. Foi-lhe entregue a tarefa de escrever coisas misteriosas para o homem racional. Por isto, dentre todas as Obras da Nova Revelação transmitidas a Lorber, a principal, a coroação de todas as outras, é O Grande Evangelho de João. No Mar Galileu, os demais não conseguem saber Quem se movimentava sobre as águas. João toca os ombros de Pedro e lhe diz: “Não vês que é o Senhor?” – Esse quadro representa o Amor acordando a Fé adormecida. O Amor O reconhece primeiro.

Fizemos essa pequena digressão para mostrar ao irmão a diferença entre Fé e Amor, indispensável para a conquista da filiação divina, uma vez que só o Amor, o espírito, pode reconhecer o Pai em Jesus! Vinde a Mim, quer dizer, reconhecei-Me. 

Voltando à frase inicial, afirmamos que a Sua Doutrina não necessita de testemunhas martirizadas, uma vez que Ele Mesmo prometeu o único e eterno Testemunho: “Permanecei no Meu Espírito, que Estarei não só entre vós, mas em vós.” – E o sangue dos mártires? Já se desfez até historicamente, e quem se entrega a sacrifícios, penitências, jejuns, honram e glorificam a si próprios, não a Mim, diz Ele!

Daniel não quis morrer, os leões não o molestaram, e lá naquela cova escreveu a profecia da grande devastação com o obscurecimento total do Sol, que é o Espírito. Os três jovens na fornalha ardente também Me pediram que os conservassem vivos!

Por que Moisés ordenava o sacrifício de animais? Tudo não passava de uma pré-figuração do Cordeiro Divino, hoje os tempos são outros; e o que prevalecerá para sempre é a Sua Expressão: “Tudo está consumado”, o Amor de Deus transformado em Amor de Pai! Surge a Misericórdia, “ninguém mais será julgado ou condenado por Mim.”

E com relação a Judas, estava ele condenado a ser um traidor? Quando fizeram esta pergunta a Jesus, Sua Resposta deixa bem claro que destino, fatalidade cruel não são desígnios de Deus: “Judas não está condenado a isto assim como a treva é a sombra natural da Terra! Mas se quiser continuar o que é, será de sua vontade, uma vez que cada um segue o caminho que o seu próprio espírito, lhe indica”.

Assim irmãos, em Jesus, Verbo feito carne, Deus revelou-Se de modo completo, sem reservas e segredos, como faziam os profetas ao se referirem à Sua Personalidade! Usando o mais espesso véu, mal mostravam a Orla de Sua Vestimenta. Hoje, nos é franqueada a Revelação, a Luz Completa, por isto temos que assimilá-Lo física, psíquica e espiritualmente.

Que o nosso espírito nos conduza ao justo e único caminho: Ao Pai, que é Tudo em Tudo e com todos.

Amém!

 

Cordiais saudações,

Thalízia dos Reis